Com base no trabalho de Jonathan Haidt, os irmãos Dan e Chip Heath utilizam a narrativa do condutor, do elefante e do caminho para estabelecer uma estrutura de entendimento do processo de mudança. De acordo com os Heath, cada indivíduo possui um lado emocional, o elefante, e um lado racional, o condutor. Assim também vale para a organização como uma comunidade de pessoas. Para ser bem-sucedido na mudança, é preciso primeiramente direcionar o condutor, investigando e clonando aquilo que funciona, propondo ações que moldem comportamentos específicos e apontando o destino. Em seguida, motivar o elefante, fazendo as pessoas sentirem que são parte de algo maior, subdividindo o tamanho da mudança para que seja mais fácil de alcançar e cultivando um senso de propósito e entendimento do objetivo. Por fim, moldar o caminho, ajustando o ambiente, construindo hábitos e reunindo pessoas. Essa abordagem é consistente com a visão de Bertrand Russell em que o homem é racional na proporção que sua inteligência orienta e controla seus desejos.

Em um plano individual ou organizacional, algumas mudanças são abraçadas com entusiasmo enquanto outras repelidas. Somente conhecimento não é suficiente, exemplos disso são médicos que sofrem doenças em decorrência de seu estilo de vida e psicólogos com filhos desajustados. Para que a mudança ocorra, condutores necessitam mostrar para onde ir e como ir – o problema normalmente surge quando a razão discorda da emoção. Howard Gardner demonstrou por meio de pesquisa que somente se as emoções estiverem engajadas as pessoas serão capazes de efetivar mudanças reais. Embora a razão pareça liderar a emoção, tal como faz o condutor com o elefante, essa liderança é precária – o condutor é relativamente pequeno quando comparado ao elefante. Quando discordam sobre a direção a seguir, vence o mais forte. Quanto maior o número de escolhas possíveis e mais difíceis forem as mudanças, mais debilitada estará a relação.

A habilidade para mudança é baseada em prontidão e compreender pela razão não é o mesmo que estar preparado emocionalmente. As pessoas concordam racionalmente que devem prover melhores experiências para clientes, evitar desperdícios, não produzir com defeitos e não impactar o meio ambiente, mas não estão emocionalmente preparadas para fazer isso todos os dias. Condutores são ávidos por contemplar análise de problemas e identificar o que não funciona e dão menos importância aos elementos que funcionam e que poderiam ser replicados. Os aspectos negativos tendem a receber mais atenção que os positivos, pois é da natureza humana focar o que não funciona em vez de propagar o que funciona. O ruim frequentemente recebe análises detalhadas e pode levar à paralisia por análise, mas o que bom é tratado com superficialidade. Assim, o condutor tem de estar comprometido em suportar frustrações de curto prazo para obter compensações de médio e longo prazo. Quando esforços de mudanças são malsucedidos, normalmente é por culpa do elefante, que prefere obter compensações de curto prazo e conviver com frustrações de médio e longo prazo.

Transformação é resultado do acúmulo e intensidade de mudanças que se consegue empreender e, para serem bem-sucedidas, essas mudanças requerem que razão e emoção estejam em sintonia. Razão provendo direção e emoção provendo energia. Se a liderança está convencida da mudança, mas a equipe não, então haverá condução, mas sem energia. Se a equipe está convencida da mudança, mas a liderança não, então haverá energia, mas sem direção.

© José Davi Furlan