Peter Drucker em “The Practice of Management” escreveu: “Se queremos saber em qual negócio estamos, temos de iniciar com o propósito e esse reside fora do negócio”. Por que os colaboradores produzem o que produzem? Por que escolheram fazer isso e não outras coisas? Por que devotam tempo, expectativas e paixão pelo que fazem? É preciso tempo e esforço para descobrir e articular o verdadeiro significado de uma organização, mas o que restará de qualquer história será o efeito que essa gerou para os clientes, para a comunidade e demais partes interessadas. O propósito de uma indústria de colchões é “fabricar colchões” ou “contribuir para uma boa noite de sono”? O propósito de uma seguradora é “vender apólices de seguro” ou “oferecer tranquilidade para o futuro sem diminuir a tranquilidade no presente”? Um propósito fornece sentido aos colaboradores e convicção de que trabalham para uma causa útil.

Não se trata de redigir frases de efeito, afinal representa o ponto de partida para permitir que comprometimento e energia possam florescer e que seja possível avançar apesar dos obstáculos. Estabelece a jornada rumo ao retrato do futuro entendendo que será única, terá riscos e as circunstâncias irão mudar. Na prática, forma a base para o processo de tomada de decisão: “Essa ação proposta está em linha com nosso propósito, retrato do futuro e valores? Se sim, siga em frente, caso contrário reformule, faça algo diferente ou sofra as consequências”. Quando propósito, retrato do futuro e valores estão claros, convertem-se em um princípio orientador tangível estabelecendo um referencial para conduta e tomada de decisão.

Figura – Significado organizacional

Propósito transcende slogans e missão da forma como normalmente aparecem em relatórios gerenciais para mostrar o porquê de existir sem demagogia, servindo de bússola que orienta a direção a seguir. Denota como a organização é e será reconhecida pelas pessoas e não simplesmente o que faz ou pretende fazer. Se o propósito explica o porquê o retrato do futuro projeta o resultado final, mas não explica o processo para chegar lá. A estrutura de pensamento se baseia em visualizar mentalmente o futuro para antever o possível passado, entendendo o que a organização poderia ter representado caso viesse a encerrar suas atividades daqui a 10 ou 20 anos, e um retrato do futuro com uma mensagem eternizando o que representou na perspectiva das partes interessadas. O verdadeiro propósito e como ela seria lembrada estariam revelados nessa mensagem. Se a rede de restaurantes de arcos dourados que diz “servir comida de qualidade, proporcionando sempre uma experiência extraordinária” ou a empresa de telecomunicações com logotipo de bonequinho estilizado que diz “ampliar as possibilidades de conexão entre as pessoas para que possam viver de forma mais humana, segura, inteligente e divertida, em todos os seus papéis” encerrassem suas operações hoje, como seriam lembradas?

© José Davi Furlan

02/04/2015